Parece que as soluções desenvolvidas que nos fazem pensar “por que não pensei nisso antes?”, foram criadas por gênios. Muitas vezes estas idéias são tão óbvias que nos surpreendem. Na verdade esta “genialidade” está disponível à todos nós. Com a pressão do ritmo acelerado da vida moderna e o excesso de informação, surgem problemas na mesma proporção para serem resolvidos. A sensação que vem à tona é de que não temos tempo para solucionar estes desafios de uma forma inovadora, seja em um projeto ou na vida.
Vamos ser sinceros, mesmo com todo aparato tecnológico existente, as soluções “geniais” vêm de dois recursos básicos, que é o tempo e nós mesmos. O ser humano tem, ou deveria ter, o talento do “pensar” e o tempo para “fazer” o que foi pensado/imaginado. Os dois juntos de uma forma equilibrada podem criar coisas incríveis. Entretanto, a pressão da vida moderna e o excesso de informação sufocam a mente e geram apenas uma reação à um determinado problema e não uma solução inovadora. Desta forma concluímos que a pressão gera simplesmente uma reação e não uma criação. E o que todos queremos e valorizamos são inovações.
Deixar se levar pela onda de acontecimentos e informações é o mesmo que sobrecarregar os recursos mencionados para criar. Se não conseguimos foco para pensar, nem tempo para materializar a nossa imaginação, dificilmente teremos inovações, além de ficarmos frustrados. Este é o resultado de se viver no mundo onde temos a ilusão de ser complexo. Quando não se consegue desenvolver a habilidade nata de criar é porque se dá crédito para esta ilusão.
A balança entre criar soluções e criar problemas está desequilibrada, pois se complica o que não tinha necessidade de complicar. Como já dizia um dos melhores designers da história, Leonardo Da Vinci, “simplicidade é a sofisticação máxima”. Esta frase reflete a experiência de um inovador, que criava utilizando sabiamente os recursos básicos que temos. Neste sentido, a resolução para problemas complexos são, obviamente, soluções simples. E a fórmula para gerar estas soluções simples ou inovações é desacelerar a mente diante da velocidade e pressão da vida moderna. Os momentos em que se sai um pouco do ritmo alucinado do dia-a-dia é o espaço de tempo para pensar.
O sociólogo italiano Domenico De Masi chama esta fórmula de “Ócio Criativo”, cujo objetivo é conseguir produzir mais bens e serviços com menos stress intelectual. Isso é fator de competitividade na era pós-industrial onde as empresas dependem da criatividade para permanecerem no mercado. Portanto, inovações dependem da habilidade de ter tempo, além de utilizá-lo para ser criativo. Só assim criaremos o efeito “por que não pensei nisso antes?”.
Abraços,
Eduardo M. Borba