Este personagem foi criado pelo próprio mercado de design. Calma, antes de jogarem pedras explicarei a colocação. Apesar de ainda não estar no Wikipedia, vamos a uma breve definição do termo “micreiro”. Presume-se que a palavra venha de micro-computador, pois a atividade é relacionada à informática. No processo de design a informática, com seus hardwares e softwares, é uma das ferramentas de trabalho e não a única no caso de um micreiro. Pesquisa, brainstoming, semiótica, gestalt, metodologia, entre outros termos do design, não fazem parte da rotina deste profissional que utiliza o título de designer no mercado.
Preços baixos, inexistência de metodologia de design, fazer o que os clientes querem e não o que precisam, são características dos micreiros. Há tempos os designers reclamam desta situação. Mas por que isso acontece? Porque o próprio mercado de design deixa margem quando não atende adequadamente as necessidades dos clientes. Cliente satisfeito com os resultados de um designer jamais confiará à um profissional amador a estratégia de seu negócio por causa de preço baixo. Como diz o ditado popular, “em time que está ganhando não se mexe”. Quando o designer pára de fornecer resultados ele se aproxima do perfil do micreiro na perspectiva do cliente. Se a percepção do trabalho realizado por um designer fica semelhante à de um micreiro, a escolha do cliente terá como maior influência por preço e não pela qualidade e resultados.
Podemos comparar esta situação com a concorrência asiática que o Brasil sofre. As empresas brasileiras não conseguem praticar os preços de produtos e serviços commodities destes concorrentes. Tanto o governo quanto as empresas brasileiras estão preocupados com a situação, pois estão perdendo mercado, postos de trabalho e até mesmo fechando empreendimentos. A mobilização geral para sair desta situação se resume a uma só palavra, inovação. Com inovações consegue se diferenciar na qualidade e no preço, em conseqüência o ganho de mercado, vendas e lucros são maiores.
O próprio processo de design deve inovar para expandir a sua participação na economia. Ficar parado é sinônimo de redução de mercado para os micreiros. Temos que transformar esta ameaça em oportunidade usando a presença dos micreiros como um indicador de qualidade do mercado de design. Quando constantemente perdem-se projetos para eles é porque as necessidades essenciais dos clientes não estão sendo atendidas, isto é, baixa qualidade. Reclamar e lamentar pela redução de preços e percepção de valor do design é outro indicador importante, que afirma a necessidade de mudanças. É preciso melhorar e inovar o processo de design para aumentar a competitividade frente à profissionais amadores. Uma sugestão é investigar o que atraem e influenciam as empresas a desenvolverem “projetos de design” com estes profissionais, melhorar estes pontos e incorporar no processo do cotidiano do designer. Saindo da ótica negativa para a positiva, podemos aprender algumas coisas com estes profissionais. Design é um negócio como qualquer outro e a sua gestão deve ser encarada como fator de sobrevivência e expansão no mercado, pois a falta de empreendedorismo no design resulta no fortalecimento não seu, mas de outros personagens como os micreiros.
Abraços,
Eduardo M. Borba
Olá! Estava procurando pelos termos “odeio micreiros” no site, pois ouvi uma colega falando isso e tal expressão ficou latejando pela minha cabeça por duas longas noites. Porquê? Porque sou graduando em Administração de Marketing, e há dois anos venho criando projetos de design para alguns clientes bem interessantes, quando disse algo sobre meu último serviço, essa minha colega, formada, soltou essas duas pérolas e se foi.
Confesso que fiquei chateado, mas compreendi, ela é formada, eu não, provavelmente ela sentiu sua vaga no mercado roubada por alguém “menos qualificado”. Preocupo-me sim com o problema de meus clientes e tenho uma visão absurdamente crítica quanto ao design e seu verdadeiro significado no mercado, leio regularmente livros e periódicos da área, associando-a sempre à minha área de formação.
Infelizmente, me parece que, realmente, os designers “formados” estão mesmo perdendo espaço para nós “micreiros”, e concordo plenamente quando o autor falou a respeito da FALTA DE EMPREENDEDORISMO na área.
Recomendo primeiramente a qualquer um que inicie em design, micreiro ou não, que leia O VALOR DO DESIGN, há um trecho em que um dos autores fala: “Não há glamour algum em dizer sou designer” Terminando minha atual graduação, darei início à meu curso de Design, farei especialização em Design Gráfico. Sem culpa, nem arrependimentos de ter iniciado na profissão como um “micreiro” que possuiu visão crítica da área, e empreendeu destemidamente no que mais amava fazer.
Recomendo aos colegas formados, se é que me permitem chamá-los assim, que usem e abusem dessas duas características:
CRÍTICA & AUTOCRÍTICA + EMPREENDEDORISMO
Felipe, parabéns pela colocação e desde já agradecemos a participação em nosso blog. Não sei como é seu portfólio, mas considero o seu raciocínio o “pensar” do Designer do século XXI, que equilibra os dois lados do cérebro, equilibra o lógico(Administração) com o intuitivo(Design), é ousado com os pés no chão. Mas o que importa é fazer o que gosta e se dedicar para gerar resultados surpreendentes para os clientes, independente de ter ou não diploma.
Abraços