Dia 05 de novembro é aniversário deste importante designer, considerado o patrono do design brasileiro. Por isso, nesta data é comemorado o Dia do Designer. Se Aloísio Magalhães estivesse vivo e visse como está o setor de design no Brasil hoje talvez dissesse: “Vocês ainda não entenderam o que é design”. Não podemos medir a evolução do design apenas pela proliferação de cursos e seus respectivos formandos e formados no país verde amarelo. Sim, existe muita demanda para profissionais de design, na verdade um oceano de oportunidades se considerarmos que apenas 1,7% das empresas brasileiras inovam segundo dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Mas o acesso a estas oportunidades parece ter um barreira.
De um lado a maioria das empresas querendo crescer e do outro a maioria dos profissionais de design tendo em suas mãos uma ferramenta que agrega valor e faz empresas crescerem. É o par perfeito na teoria. Entretanto, na prática, um lado acha que os designers são artistas com apenas dons estéticos e do outro acha que empresas são clientes chatos. Um não vive sem o outro, mas não conseguem entrar em consenso. E é por esta razão, por esta falta de diálogo que o design ainda não é o que realmente deveria ser: a alma estratégica de qualquer marca, produto ou serviço. Mas por que isto ainda acontece? Assim como em qualquer setor, a educação ou na linguagem empresarial, mão de obra qualificada, é o grande desafio do país. Enquanto o mundo acadêmico se preocupar mais com o número de artigos publicados do que na qualificação de pessoas para as necessidades socioeconômicas do país, a educação continuará sendo barreira ao invés de ser oportunidade. No caso do design não é diferente. Grande parte dos professores, principalmente em cursos de graduação das universidades, não atuam no mercado, na prática. Desta forma cria-se uma realidade distorcida. Talvez seja por isso que as empresas e inclusive os escritórios de design tenham grande dificuldade de encontrar potenciais talentos nas universidades. Um exemplo de que se pode reverter este quadro sao as famosas universidades de Harvard, Stanford, entre outras, que tem em seu quadro de professores, profissionais reconhecidos de mercado, de conhecimento prático. Precisamos de universidades empreendedoras no Brasil para realmente transformar a educação como gerador de profissionais qualificados, para transformar o conhecimento em prática.
Para colaborar com o cenário, parece que o ingresso de muitos jovens nos cursos de design é por ele estar gerando a percepção de ser “cool”(o lado estético, o glamour) e não por ser uma atividade que pode melhorar a qualidade de vida das pessoas e por conseqüência a sustentabilidade de um país. Enfim, o design brasileiro precisa voltar a lembrar de sua essência e de sua responsabilidade na sociedade, do contrário persistirá o preconceito que ainda existe com esta atividade criativa. O Dia do Designer deve servir para esta reflexão, que tenha como conseqüência a geração de atitudes individuais e coletivas que realmente façam a diferença para o setor, assim como Aloísio Magalhães o fez.
Abraços,
Eduardo M. Borba
Acredito que evoluímos, mas realmente o consenso entre a real função do designer e o que a empresas espera estão longe das ideias. Essa péssima valorização da área é um reflexo de uma educação fraca, oba-oba, que não estimula leituras nacionais e muito menos internacionais. No fim muitos escritórios precisam gastar tempo com os novos profissionais e ainda mais tempo para demonstrar ao mercado qual o valor de um BOM DESIGN. Assim todo mundo perde, muitos escritórios não tem condições de pagar valores adequados para as funções de seus funcionários , pois há uma desconexão de valores, onde a causa é tempo, expectativas e a qualidade do produto entregue. Mesmo assim acredito que estamos começando a guinar essa mudança, e o futuro tende a ser promissor.
É Paulo, é a partir destas reflexões (leia-se verdades incovinientes) que a atividade evolue.
Na verdade dia 5 de novembro é dia nacional do design, e não dia do designer.
Roy, você é o primeiro que notou a modificação do título. A intenção foi humanizar a atividade. Aproveitando a resposta: parabéns pelo dia!
A área/profissão de design (er), ainda é um bebê em crescimento e aprendizado. As pessoas/empresas, estão descobrindo seu valor , seu poder de comunicação visual e de solucionar problemas. De uns tempos pra cá, tenho visto que a profissão de designer, publicitário, principalmente essas áreas, têm apresentado um crescimento de alunos interessados em trabalhar com “criação” (todo mundo quer ser designer, publicitário, diretor de arte). O que tenho percebido claramente é uma invasão de gente que não têm o mínimo de talento pra trabalhar com criação (não falo de diploma mas de talento pra coisa). Os clientes por desconhecerem o que é design, acham que pagando R$ 150,00, R$ 350,00 terão uma marca ótima. Já vi logotipos copiados descaradamente copiados. Para o cliente é um “negocio da china”, afinal ele está pagando pouco e vai ter uma “marca”. Mal sabe ele que jogou dinheiro fora, mas somente o tempo e os problemas que virão com a “marca” que ele acha possuir é que ele vai acordar e aprender a avaliar e procurar um bom profissional seja ele formado ou não mas que traga em sua vivência um bagagem e conhecimentos mínimos necessários para criar algo simples mas bem elaborado para esse cliente. Acredito no potencial de bons profissionais, profissionais que nasceram pra serem designers, publicitários, artistas da comunicação.
Abraço a todos,
Willys
Willys, assim como você, também acredito no potencial dos criativos brasileiros, entretanto, temos que transformar esta criatividade em inovações.
Abraços
Muito bom o artigo. Parabéns a nós designers!
Obrigado Felipe, o artigo só é bom tendo bons leitores.
Eduardo, ótimo texto. Concordo contigo, nosso país, tal como nós, ainda temos muito que caminhar e evoluir…Parabéns pelo seu dia!
Grande abraço,
É isso aí Wilka, a jornada apenas começou!
Abraços