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Redesign do Capitalismo

By 10 de outubro de 2011 2 Comments

“Um rico empresário do ramo da pesca resolveu pegar sua lancha e dar um passeio pelo mar. Ele queria, além de fiscalizar o trabalho de seus vários barcos e empregados, avaliar o tamanho de sua riqueza.
Viu os barcos em ação, os pescadores no trabalho duro, e já pensava em como comprar novos pesqueiros. ‘Do jeito que vão os negócios, tenho tudo para ficar ainda mais rico’, pensava,  já fazendo contas em sua cabeça.
Olhou no relógio. Eram três horas da tarde. Tinha prometido que iria ver o filho jogar futebol no torneio da escola, mas o trabalho, ah, esse trabalho, não deixou. Tentou ligar para o garoto, para explicar, mas o pequeno não quis nem saber. Não foi a primeira pisada na bola. Se sentiu culpado, mas, fazer o que? Era para o bem do garoto mesmo que ele trabalhava tanto.
Enquanto tentava fazer a ligação, olhou para algumas montanhas, perto de uma mata. Um barco estava atracado nas proximidades das rochas, e um homem tirava uma soneca, com o chapéu descido no rosto, enquanto uma vara de pescar robalos estava na espera. O empresário não se conformou. Sabia que o homem não era seu empregado, mas não suportava ver gente à toa.
Resolveu fazer a sua parte para “ajudar o homem a crescer”. Dirigiu sua lancha até o local.
– Eeeei! – gritou.
O rapaz retirou o chapéu do rosto, olhou para baixo.
– Pode falar, amigo!- respondeu.
– Você não tem que trabalhar? Ainda há tempo para pegar muitos peixes, rapaz!
– Ora, moço, eu já pesquei o que precisava de manhã. Vendi o que precisava vender… Volto pra lida amanhã cedo.
– Mas, você é burro?
– Eu, burro? Porque?
– Porque você poderia pegar este seu barco e pegar mais peixes…
– Mais peixes… pra que?
– Pegando mais peixes, você consegue ganhar mais dinheiro.
– Ah… sei, mais dinheiro. pra que?
– Com mais dinheiro, você pode comprar mais barcos, contratar outros pescadores.
– Hummm… é uma idéia interessante. Mas, pra que?
– Ora, desta maneira, você pesca mais, e vende mais, e ganha mais dinheiro, e fica rico como eu fiquei.
– Ah, é isso? Legal, moço. Parabéns pela sua riqueza. Mas… pra que?
– Hein! – o empresário já estava exasperado pela falta de ambição do pescador – Ora, seu burro! Com muito dinheiro no bolso, você pode finalmente curtir a vida!
– Curtir a vida? Aaaaahhhh…- disse o pescador. E com tranquilidade recostou na montanha novamente. – Olha, moço: eu trabalho de manhã, ganho muito dinheiro, depois levo meu menino pra escola, depois venho pra cá pescar robalos, e se pegar, tudo bem… senao, tudo bem também… O importante é que dá tempo de eu ir ver meu menino jogar bola, assistir as apresentações de minha menina, e ainda brinco com eles depois da aula. E quanto a curtir a vida… ora essa, isso eu já faço!
Diante do estupefado empresário, o pescador puxou novamente o chapéu para o rosto, deu uma boa espreguiçada e completou: – Quem é burro nesta história, hein?”

Nascemos praticamente programados à acreditar que prosperidade é baseada em crescimento econômico. O objetivo da maioria dos profissionais, empresas e nações é viver por este mito de evolução. Hoje, a economia global representa cinco vezes o seu tamanho de cinco décadas atrás. Se continuar nesta velocidade, terá 80 vezes esse tamanho daqui à 9 décadas. Resumindo, se o mito do crescimento econômico não sofrer uma reestruturação de seu conceito “para ontem”, o planeta Terra será consumido em poucas décadas, eliminando a possibilidade de sobrevivência humana.

Chegou a hora da substituição do Eu pelo Nós. Somente a consciência coletiva levará à perpetuação da sua família, da nossa família. Talvez nunca tenha sido tão necessário um modelo híbrido de atitudes quanto agora. Não há alternativas, senão o diálogo entre a lógica e a criatividade, entre o mundo empresarial e o mundo criativo, entre a administração e o design. A busca do equilíbrio é agora o desafio da sociedade, pois já aprendemos que existe falha no sistema do crescimento econômico como forma de evolução humana. Temos tudo o que precisamos para chegar no tão esperado equilíbrio, é só lembrar dos princípios básicos. Talvez lembrar da lição do pescador ajude nesta jornada.

Abraços,

Eduardo M. Borba

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