Fazia alguns dias que eu tinha lido uma resenha do livro “A Insustentável Leveza do Ser” de Milan Kundera, quando me deparei com a obra do designer e artista holandês Tomáš Gabzdil Libertiny, intitulada “Unbearable Lightness” ou “Insustentável Leveza” em português.
Coincidência ou não, um dos protagonistas do romance filosófico de Kundera, se chama Tomas, assim como o designer responsável pela obra. O que indica uma possível identificação do designer com o personagem do livro e com obra.
Naquele momento, percebi que precisava ler A Insustentável Leveza do Ser, comprei-o e estou lendo. Recomendo a todos!
Mas voltando a obra, suspensa por quatro correntes e um gancho, a cabine foi construída com perfis de alumínio, folhas de vidro e pastilhas de plástico. 40 000 abelhas foram responsáveis pela cobertura da imagem com os favos de mel e cera. Essa estrutura em forma de corpo humano, é feita com um material transparente, sinterizado a laser e representa a figura do Cristo martirizado saído do caos.
O seu peso é aparentemente sustentado pela força do enxame de abelhas
O projeto foi apresentado durante o Design Miami 2010.
De acordo com a leitura da obra, descrita no site Designboom, o projeto cativa pela manipulação e controle da vida selvagem, representada pelas abelhas, em um processo de construção do ícone religioso mais influente na cultura Ocidental, o Cristo. O gabinete suspenso e fechado faz referência a limitação da sociedade, onde a vida cotidiana de trabalho árduo é mascarada pela esperança em um descanso eterno, no paraíso prometido aos que creem nos ensinamentos do Cristo.
As abelhas, são programadas pela natureza, para agir conforme o comando de sua rainha, como verdadeiras marionetes. O objetivo de Tomas Libertiny é relacionar a condição das abelhas a nossa própria condição existencial, onde agimos muitas vezes, conforme os instintos de nossa natureza e ao mesmo tempo de acordo com as regras impostas pelas convenções sociais.
O designer inseriu uma pigmentação vermelha no molde onde as abelhas trabalharam, a cor representa a carne e o sangue, e também é a única cor que as abelhas não podem ver.
Para quem se interessou pelo trabalho de Tomas Libertiny, segue um vídeo com outro trabalho dele utilizando a mão-de-obra das abelhas.
FONTE: http://www.designboom.com/weblog/cat/10/view/10622/tomas-gabzdil-libertiny-unbearable-lightness.html