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E VIVA À DESORDEM!

By 26 de julho de 2011 3 Comments

Por séculos vivemos inseridos numa predominante cultura de pensamentos e métodos lineares. Desde a infância nossa educação (ou pressão) fixa-se na ORGANIZAÇÃO como requisito básico para viver. Como a sociedade acredita nisto, nosso cérebro acaba captando o fator “organização” como verdade absoluta. Esta “verdade” parece ter funcionado até o século XX. Mas e daqui para frente, seguiremos este raciocínio? É saudável continuar a fazer as coisas do mesmo jeito?

A tão elogiada teoria Henry Ford de produção já está obsoleta se pensarmos nos desafios atuais e futuros de nosso planeta. No meio empresarial as palavras inovação e criatividade estão no topo das prioridades para a sobrevivência dos negócios e dos empregos. Mas nesta busca por competitividade, existe um fator contraditório que bloqueia este principal objetivo das empresas. Como ser inovador e criativo com o pensamento e métodos lineares arcaicos? Não tem como. Talvez se as companhias aplicarem um pouco de desorganização em seus métodos conseguirão ter mais sucesso. Loucura? Não, é uma alternativa ousada.

Para o professor de Administração da Universidade de Columbia Eric Abrahamson e para o jornalista David H. Freedman, autores do livro Uma bagunça perfeita – Como aproveitar as vantagens da desordem, o planejamento rigoroso e o excesso de organização podem bloquear a imaginação, isto é, podem extinguir as inovações de uma empresa e transformar pessoas talentosas em frustradas.

Existe ainda muito preconceito com pessoas desorganizadas, pelos motivos sócio-culturais já mencionados. A desorganização faz parte da vida de muita gente que, sequer se dá conta disso. A maioria destas pessoas são Cronicamente Desorganizadas(CD), que de acordo com o grupo de estudos americano NSGCD (National Study Group on Chronic Disorganization) têm alguns comportamentos comuns como:

– Acúmulo de grandes quantidades de objetos, documentos, papéis ou outras posses além da necessidade;
– Dificuldade em se separar das coisas;
– Ter uma vasta gama de interesses e muitos projetos não finalizados;
– Necessidade de “dicas” visuais para se lembrar do que fazer;
– Tendência a se distrair facilmente ou perder a concentração;
– Ter, frequentemente, habilidades fracas de gerenciamento.

Se isolar estas características como informações para contratação de profissionais, é provável que as empresas excluam este perfil de candidato. Mas pasmem, as pessoas Cronicamente Desorganizadas estão entre as mais criativas e inovadoras. Sabendo deste fato, será que as empresas estão preparadas para reconsiderar toda sua filosofia e serem realmente inovadoras? O que antes era descartado pelas empresas agora começa se transformar em necessidade. É claro que a completa desorganização não ajuda nada nem ninguém, por isso as pessoas CD necessitam de ter acompanhamento de pessoas organizadas para se ter o equilíbrio e conseguir extrair algo positivo na desordem. Por exemplo, para uma pessoa CD apresentar seu potencial criativo e inovador é preciso cortar ao máximo os processos burocráticos e repassa-los à pessoas com perfil para esta rotina. Desta forma se consegue tirar coisas desnecessárias de um cérebro criativo e potencializar seu talento.

E para a criatividade fluir com o objetivo de se obter inovações é necessário se ter um ambiente propício para isso acontecer. Existem diversos métodos para geração de idéias como o Brainstorming, Polinização Cruzada e Relações Forçadas, mas com certa desordem se poderia estimular o cérebro à fazer isso naturalmente e não como um método utilizado isoladamente. Ter uma desorganização em algum ponto do processo de trabalho ou ambiente é como “quebrar o gelo” de um processo linear, isto é, estimula o cérebro a fazer sinapses (comunicação entre neurônios) de uma forma sempre diferente. Em outras palavras, as ligações de informações armazenadas no cérebro não serão padrão como à de pessoas rigorosamente organizadas.

Enfim, este texto não tem o objetivo de fazer apologia ao caos, mas tem sim o dever de provocar as mentes de todos aqueles que não aprovam uma mesa bagunçada.

Abraços,

Eduardo M. Borba

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