Apesar de não ser um apaixonado por carros como o típico brasileiro, sempre achei interessante o relacionamento que as pessoas tem com este produto. É fantástico observar o tempo e recursos financeiros dedicados com este objeto. Existem modelos para todos os gostos e estilos, com a opção de personalizá-lo também. É um símbolo muito forte que o ser humano usa para se expressar em sociedades de consumo como a nossa. Tenho que admitir: Parabéns Sr. Ford!
Mas se o camarada Henry Ford estivesse vivo nos dias atuais, certamente estaria pensando e planejando o futuro da “Máquina que mudou o mundo” (livro de James P. Womack / Daniel T. Jones / Daniel Roos). Em recente matéria publicada na Folha de SP entitulada “Jovens americanos querem distância dos automóveis” dá indícios de uma possível revolução deste meio de transporte. Segundo a interessante matéria, na era do Facebook e do iPhone os jovens adultos estão tirando menos carteiras de habilitação e dirigindo com menos frequência. Dados da Federal Highway Administration mostram que o percentual de pessoas entre 14 e 34 anos sem carteira de motorista subiu para 26% em 2010, ante 21% uma década antes. A galera está evitando carros e preferindo meios de transporte alternativos, deixando as montadoras em dúvida se essa é uma tendência induzida pela recessão ou uma mudança de hábito permanente.
Com as inovações em logística e as mudanças de comportamento sociológicos e econômicos, arrisco em dizer que a tendência se transformará em realidade. Recentemente passamos 1 mês no Vale do Silício, um epicentro de inovação localizado na Califórnia/EUA. Imaginem passar 1 mês sem carro. Sabem o por que disso? Porque não precisou deste produto. O simples fato do sistema público de transporte funcionar, somado com meios alternativos como bicicletas, patinetes e skates, resulta em deixar o carro em segundo plano. Neste período nos EUA víamos anúncios na TV com ofertas de carros com preços absurdamente baratos, porém, mesmo assim não conseguem atrair a nova geração de consumidores.
Levanta a mão quem gosta de ficar horas dentro de um carro em um congestionamento, pagar o caro carnê de financiamento, IPVA, seguro, estacionamento e a oficina quando estraga o dito cujo? É praticamente impossível gostar do ônus que está cada vez maior desequilibrando a balança Custo X Benefício. Calcule quantos livros, jogos, relacionamentos, conteúdos não dariam para interagir com um tablet ou smartphone se usássemos o tempo dedicado ao carro? Ou melhor, quantos problemas não resolveríamos à mais se tivéssemos este tempo e dinheiro que estão concentrados neste produto.
Se você fosse Henry Ford, o que faria?
Abraços,
Eduardo M. Borba