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A solução está na contramão

By 24 de maio de 2012 janeiro 14th, 2019 2 Comments

 

“Na correria”, “a vida está corrida”, “o dia deveria ter mais que 24 horas”, dentre outras, são citações comuns quando se pergunta às pessoas como elas estão. Observa-se que o TEMPO, ou a percepção dele, é a principal influência geradora deste ritmo alucinado da vida moderna. Parece que o compasso de nosso cérebro é proporcional ao aumento da velocidade da internet.  Nunca tivemos tanta informação de forma tão rápida quanto hoje. Com isso as pessoas caminham mais rápido, falam mais rápido, os concorrentes reagem mais rápido, enfim, todos querem resolver seus problemas em um clic, isto é, de forma rápida.

A tecnologia nos acostumou mal quando possibilitou que acelerasse a “evolução” da sociedade. A percepção de que o tempo está cada vez mais escasso está deixando o ser humano com um nível de ansiedade estratosférico. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os medicamentos ansiolíticos, de uso controlado indicados para controle da ansiedade e tensão, estão entre os mais consumidos no país. Nossa sociedade criou até uma nova patologia chamada SPA (Síndrome do Pensamento Acelerado), caracterizada principalmente pelo excesso de estímulos abstraídos da televisão, Internet, etc. As muitas pessoas que sofrem de SPA não conseguem manter uma qualidade de vida desejável, pois são inconstantes, insatisfeitas e emocionalmente instáveis.

Agora, como o mundo sedento por inovações empresariais e sociais irá resolver os seus problemas de forma criativa com seres humanos desequilibrados? Como ser criativo se não há “tempo” para ser criativo? A solução pode estar na letra da música  “Tocando em frente” de Almir Sater que diz: “Ando devagar porque já tive pressa…”. Vamos desacelerar!

Uma mente mais serena, equilibrada, é mais propensa a ter nível de criatividade maior. Cientistas como Einstein, quando se deparavam com um problema que não conseguiam resolver, simplesmente saíam do problema para dar ar ao cérebro para depois voltarem à resolução do problema. Lembro-me ainda um designer falando sobre um projeto que “mais uma vez A idéia veio à tona em um fim de semana”. Isso me fez refletir se, realmente pode ser um indício que, momento mais “relaxados” podem influenciar na potencialização da criatividade.

Um estudo de autoria da psicóloga Loranza Colzato, da Universidade Leiden, na Holanda, mostra que certas técnicas de meditação deixam as pessoas mais criativas. As descobertas do estudo indicam que as vantagens de alguns tipos de meditação vão além do simples relaxamento, elas influenciam na cognição humana, incluindo sentimentos e emoções. Este pode ser mais um indício de que a desaceleração da mente de forma periódica é benéfica para a criatividade e consequentemente para o mundo.

Se a hipotése estiver correta de que, para se obter mais criatividade é necessário desacelerar o ritmo cerebral, então será preciso rever o estilo de vida moderno. Que ironia não é! Para acelerarmos a resolução de problemas(gerando inovações), isto é, a criatividade, temos que nos desacelerar indo na contramão social.

Abraços,

Eduardo M. Borba

2 Comments

  • André disse:

    Este video do John Cleese reforça mais ainda esta ideia. Ele destaca a criação de janelas de tempo para se concentrar em uma questão, falando do problema das interrupções durante um processo criativo, e ao mesmo tempo da importância de se afastar do problema para depois a solução aparecer, aparentemente automaticamente. Particularmente para mim, momentos de caminhada fazem muito bem.

    Um ótimo vídeo:
    http://www.youtube.com/watch?v=kH8uYDJlwog

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