Criatividade, uma coisa que todas as pessoas e empresas querem, mas poucas realmente conseguem constantemente. Por que será? Bem, para ser criativo é necessário primeiro entender o porquê que não somos criativos. Vamos lá!
A principal razão é o que chamo de Fator Ironia. No século XX as organizações foram administradas pelo lado esquerdo do cérebro, isto é, de forma analítica e burocrata. Até então parece que funcionou. Mas será que o modelo que ainda aprendemos nas universidades continuará funcionando?
Hoje, no século XXI, temos desafios diferentes. O trabalho que exigia atividade física do ser humano agora é feito por máquinas (veja Tempos Modernos de Charles Chaplin). O trabalho intelectual do tipo executivo, agora é realizado por computadores e softwares sofisticados. Então, o que sobra para nós trabalhadores se já substituímos nosso físico e o intelecto executivo? Sobra o que dificilmente máquinas automatizadas, computadores e softwares conseguirão ter, que é a criatividade para inovar.
Realmente, o mundo está um caos e é preciso muita criatividade para se chegar a inovações que solucionem nossos desafios sócio-econômicos. Como todos sabem, a criatividade é sinônimo de que, a única regra é não ter regras, ou seja, ter espaço para imaginar e realizar, sem burocracia. Com o vai-e-volta de crises as empresas estão começando a aprender que a sustentabilidade de seus negócios está na inovação contínua, que requer uma cultura criativa. Mas como estas organizações terão criatividade para sobreviverem se não querem largar o vício da burocracia da administração do século XX? É a mesma coisa que querer ganhar na Mega-Sena sem apostar. Este é o Fator Ironia, onde as empresas querem e precisam inovar, mas não querem se tornar inovadoras. Não existe criatividade na burocracia.
Um grande exemplo de vício do século XX que ainda insiste em continuar no século XXI é a “motivação” que as empresas oferecem aos seus colaboradores que é na forma de recompensa e punição. Se tiver sucesso é recompensado, se não é punido. Pesquisas já revelaram que esse mecanismo destrói a criatividade.
A Caixa Preta da Criatividade, o mistério da inovação, na verdade não tem segredo algum. As empresas que entenderem às pessoas além da Pirâmide de Maslow, conseguirão iniciar a transição da cultura burocrata para a cultura inovadora. Não faz mais sentido para as pessoas se matarem de trabalhar para engordar o bolso de empresários e acionistas. Muitos menos trabalhar em empresas com valores diferentes de nossas crenças.
Os líderes que atenderem os desejos invisíveis das pessoas terão em troca a tão almejada alta performance e por conseqüência retorno financeiro positivo. As pessoas desejam autonomia para direcionarem suas próprias vidas, desejam melhorarem fazendo algo que importa e desejam que participem de algo maior que nós mesmos.
O ser humano é a chave, sempre foi. A tecnologia embaçou nossa visão, mas a boa notícia é que já existem pessoas se curando desta miopia. Para os outros que acham isso tudo uma bobagem, quando a “casa cair”, voltamos à conversar.
Abraços,
Eduardo M. Borba