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O Anti-design Italiano e os questionamentos sobre o design

By 16 de fevereiro de 2012 janeiro 14th, 2019 No Comments

Com a pós-modernidade, no início dos anos 60, o design também começou a ser questionado.  A industrialização dos bens de consumo, a produção em série e o consumismo que veio com a modernidade fez com que os designers começassem a questionar os objetos que projetavam. Eram eles idealizadores de produtos, mas eram incapazes de controlar o significado ou o uso final desses objetos, o que deu origem a um conflito ideológico entre suas práticas profissionais e suas preocupações sociais.

Nessa época começaram os estudos sobre o significado dos objetos. A preocupação dos designers italianos era transmitir mensagens a partir deles, indo contra o design da “forma e função” praticado pela Bauhaus, e dando ênfase ao design simbólico. Ettore Sottsass, foi um dos designers que se destacou nesse contexto:

“Hoje vejo o design mais como um gesto cultural no sentido antropológico do que um gesto

racionalista e tecnológico (…) o design tornou-se um ato linguístico; começa a comunicar

coisas que não se limitam aos mecanismos técnicos.”

(SOTTSASS apud MORAES, 2008 p. 58)

Se destacam entre os primeiros grupos de design radical o Arquizoom e Superstudio (1966), E UFO e 9999 (1967)

Ettore Sottsass

Archizoom

O Emocional teve sua primeira grande influência no design, fazer design não era mais apenas projetar produtos  funcionais; os designers dessa época procuraram estabelecer relações afetivas entre o produto e o usuário, e esse produto não precisava mais ser funcional, essa já não era mais apreocupação dos designers ao projetar novos produtos.

Esse novo design buscava o conceitual, a experimentação, a reflexão sobre o sentido do design e teve como principais representantes os movimentos de anti-design Studio Alchimia e Memphis.

O Studio Alchimia foi fundado em Milão pelo arquiteto Alessandro Guerriero no ano de 1976, onde buscavam uma nova linguagem para o design. Através do afastamento do antigo processo de criação pretendia-se alcançar uma reflexão com intenção conceitual sobre os objetos e sobre o papel do designer como criador desses objetos. Com caráter questionador,  irônico e uma abordagem niilista, onde o objetivo não era mais resolver problemas funcionais, mas sim questionar os problemas que o desenvolvimento de produto acarretava, principalmente no ponto de vista estrutural e social.

O designer Alessandro Mendini defendia a parte teórica filosófica do movimento, e se opunha a outros designer que pretendiam levar essas ideias para a o público, pois era pessimista em relação ao design de produtos. Essa oposição de ideias fez com que o movimento chegasse ao fim, através principalmente de Ettore Sottsass que foi o primeiro a reagir contra a ideologia irreal de Alchemia e junto com outros jovens designers formou o grupo Memphis em setembro de 1981.

O nome Memphis era uma homenagem a cidade egípcia de Memphis que fora capital do Baixo Egito e centro de todas as sagradas tradições daquele povo.

Assim como o Studio Alchimia, os designers de Memphis procuraram inspirações na arte, no dadaísmo, surrealismo e situacionismo, que antecederam a arte conceitual, e colocaram o objeto de design como meio de experimentação formal e semântica, com o objetivo de promover uma interação emocional, simbólica, didática e levantar um questionamento sobre as limitações de uso e de consumo. Segundo Barbara Radice (1984 p.141) ” Memphis é anti-ideológico porque procura possibilidades, não soluções”

Em Memphis o design não tinha mais apenas o objetivo prático convencional, a função dos objetos de Memphis eram principalmente comunicar, eram objetos com personalidade própria, que refletiam sobre a história recente do design.

Os designers do grupo Memphis queriam transmitir uma mensagem acerca da inadequação do modernismo e da produção em série, em satisfazer as necessidades culturais e intelectuais da sociedade comtemporânea.

Studio Alchimia - Proust Armchair

Alessandro Mendini

memphis group

bookshel

Os questionamentos sobre o objetivo real do design e a função social do designer ao projetar produtos é uma questão que se iniciou nos anos 60, mas continua atual.

O designer, é quem se propõem a projetar novos produtos e buscar novos conceitos e soluções para satisfazer as necessidades funcionais e simbólicas das pessoas.

No contexto atual, em meio aos problemas ambientais que a industrialização e o uso desenfreado dos recursos naturais pela indústria trouxe pro mundo, voltamos a nos pergurtar qual a contribuição que podemos dar à sociedade e ao planeta.

Muitas vezes o mercado e as limitações nos processos de produção limitam também as ideias realmente inovadoras, que fazem a diferença no mundo.

As vezes é necessário sair um pouco da rota convencional e explorar novos caminhos nos processos criativos, como fizeram os designers italianos de Alchimia e Memphis, para que as soluções surjam, talvez primeiramente como conceitos,  para poderem um dia se transformar em produtos melhores, que vão fazer do mundo um lugar melhor.

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